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Expressões curiosas na Língua Portuguesa  
 
  JURAR DE PÉS JUNTOS:  
  Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através das
  torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresia
  tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para dizer nada
  além da verdade. Até hoje o termo é usado pra expressar a veracidade de algo
  que uma pessoa diz.  
   
  MOTORISTA BARBEIRO:  
  Nossa, que cara mais barbeiro! No século XIX, os barbeiros faziam não somente
  os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam
  calos etc., e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam
  marcas. A partir daí, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela
  expressão "coisa de barbeiro". Esse termo veio de Portugal, contudo
  a associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista, é
  tipicamente brasileira. 
   
  TIRAR O CAVALO DA CHUVA:  
  Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair
  hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo
  ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o
  cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo,
  o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião
  percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da
  chuva". Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de
  alguma coisa.  
   
   
DAR COM OS
  BURROS N'ÁGUA:  
  A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam
  a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre
  burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de
  estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas,
  onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra
  se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e
  não consegue ter sucesso naquilo.  
   
  GUARDAR A SETE CHAVES:  
  No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de
  joias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro
  fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do
  reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser
  utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das
  religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo
  "guardar a sete chaves" para designar algo muito bem guardado. 
   
  OK:  
  A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida
  para significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da
  Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases
  sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0 killed"
  (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo
  "OK".  
   
  ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:  
  Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas
  enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que
  ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que
  Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição.
  Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu
  à expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido e
  inacessível.  
   
  PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:  
  A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das
  tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma
  de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma
  bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se
  lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.
   
   
  PARA INGLÊS VER:  
  A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil
  aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam
  que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram criadas apenas
  "para inglês ver". Daí surgiu o termo.  
   
  RASGAR SEDA:  
  A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outr a pessoa,
  surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na
  peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar
  uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe
  a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa".  
   
  O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:  
  Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de
  Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome
  Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim que
  passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo
  que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus
  olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a
  causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.  
   
  ANDA À TOA:  
  Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à
  toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca
  determinar. 
 
  QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:  
  Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se
  dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando,
  astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.  
   
  DA PÁ VIRADA:  
  A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está
  virada pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada; por isso, foi
  logo associada ao homem vagabundo, irresponsável, parasita.  
   
  NHENHENHÉM:  
  Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os
  indígenas não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses
  ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".  
   
  VAI TOMAR BANHO:  
  Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos
  de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das
  Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de
  sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e
  horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a
  sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio , além de usar folhas
  de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora,
  o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram
  trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava
  repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber
  ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".  
   
  ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:  
  Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século
  XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus
  comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português... O capitão
  reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu
  do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos, que se entendam
  ". O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa
  de D. Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar
  conhecimento dos fatos, D. Luís mandou prender o oficial português que
  estranhou a atitude do vice-rei. Mas, D. Luís se explicou: "Nós somos
  brancos, cá nos entendemos".  
   
  A DAR COM O PAU:  
  O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta
  expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam
  morrer durante a travessia e, para isso, deixavam de comer. Então, criou-se o
  "pau de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os
  marinheiros jogavam sopa e angu para o estômago dos infelizes, a dar com o
  pau. O povo incorporou a expressão.  
   
  ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:
   
  Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino
  Ovídio (43 a.C. - 18 d.C), autor de célebres livros como "A arte de
  amar" e "Metamorfoses", que foi exilado sem que soubesse o
  motivo. Escreveu o poeta: "A água mole cava a pedra dura". É
  tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida
  formar rimas nesse tipo de frase para que sua memorização seja facilitada.
  Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros. 
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