Quem sou eu

Minha foto
Professora há 27 anos, tenho 45 anos , pedagoga , licenciada e bacharel em Letras . Casada , mãe ... e extremamente feliz e realizada!!!

Saudação!!!

Ola queridos alunos...
Sejam bem vindos ao meu blog...
beijinhos

domingo, 13 de março de 2011

Língua Portuguesa

dia  14/03/2011

A VELHINHA QUE DAVA NOME AS COISAS

  Ela era uma velhinha que morava sozinha, em uma grande casa.
  Não tinha amigos porque, ao longo dos anos, ela os vira morrer, um a um.
  Seu coração era um poço de saudade e de perdas. Por isso, ela decidira que nunca mais se ligaria afetivamente a ninguém.
   E, para se lembrar que um dia tivera amigos, passara a chamar as coisas pelos nomes dos amigos que haviam morrido. Sua cama se chamava Belinha. Era grande, sólida e confortável. Mesmo depois que ela se fosse, Belinha continuaria a existir. A poltrona confortável da sala de visitas se chamava Frida. Haveria de durar muitos anos mais.  A casa se chamava Glória. Tinha sido construída há mais de cem anos, mas não aparentava mais que vinte. Era feita de madeira muito forte, vigorosa. E o carro, grande, espaçoso se chamava Beto. "haveria de servir", pensava a velhinha, "para alguém, depois de minha morte.” E assim vivia a velhinha solitária.
   Certo dia, quando estava lavando a lama de Beto, um cachorrinho chegou no portão. O portão não tinha nome, porque ela achava que ele logo teria que ser substituído. Suas dobradiças estavam enferrujadas e a madeira apodrecida.
O animalzinho parecia estar com fome e ela tirou um pedaço de presunto da geladeira e o deu ao cão, mandando-o embora.
   Porém, no dia seguinte, ele voltou. E no outro e no outro. Todos os dias, ele vinha, abanava o rabo e ela o alimentava, mandando-o embora.Ela dizia que Belinha não comportava um adulto e um cachorro, que Frida não gostava que cães sentassem nela e Glória não tolerava pêlo de cachorro.E Beto? Bom, esse fazia os cachorros passarem mal.
   Um ano depois, o animal estava grande, bonito. E tudo continuava do mesmo jeito. Até que um dia ele não apareceu.Ela ficou sentada na escada, esperando. No dia seguinte, também. Nada.
   Resolveu telefonar para o canil da cidade e perguntar se eles tinham visto um cachorro marrom. Descobriu que eles tinham dezenas de cachorros marrons.
Quando perguntaram se ele estava usando coleira com o nome, ela se deu conta que nunca dera um nome para ele.Sentou-se e ficou pensando no cachorro marrom que não tinha coleira com um nome. Onde quer que estivesse, ninguém saberia que ele tinha de vir todos os dias até seu portão para que ela lhe desse de comer.
   Tomou uma decisão. Dirigiu Beto até o canil e falou para o encarregado que queria procurar o seu cachorro. Quando ele lhe perguntou o nome do cachorro, ela se lembrou dos nomes de todos os amigos queridos aos quais  havia sobrevivido. Viu seus rostos sorridentes, lembrou-se de seus nomes e pensou em como fora abençoada por ter conhecido esses amigos.
   "Sou uma velha sortuda", pensou.
   “O nome do meu cachorro é Sortudo", disse.
   E gritou, ao ver os cães no grande quintal: "aqui, Sortudo!"
   Ao som da sua voz, o cachorro marrom veio correndo. Daquele dia em diante, Sortudo morou com a velhinha.
   Beto parece que gostou de transportar o cachorro. Frida não se  incomodou que ele sentasse nela. Glória não ligou para os pelos do cachorro. E todas as noites Belinha faz questão de se esticar bem para que nela possam se acomodar um cachorro marrom Sortudo...e a velhinha que lhe deu o nome.
(Cynthia Rylant)

Interpretação 

Quem surge na história e de onde ele teria vindo? Como ela reage?

Porque a velhinha não queria ficar com o cachorro?

Quem eram os companheiros da velhinha? Como eles eram?


O que causou tristeza à personagem?  Mesmo assim, por que teria ido atrás do cachorro se sempre ela o mandava embora?

Por que ela teve dificuldade em localizá-lo no canil?

O que motivou a escolha do nome do cachorro? O que você achou? Você teria lhe dado que nome?

Diz o texto: “A velhinha... avistou seu cachorro marrom...” Afinal, ele lhe pertencia? Depois, o que chamou a atenção do cachorro, se desconhecia seu novo nome?

Se era impossível, no princípio, o cachorro morar com ela, por que depois deu certo?

Quem foi o mais sortudo? Ele, por ter encontrado uma pessoa que o amasse, ou ela, por ter ganhado uma companhia viva e saído da solidão?


Seguidores